"...Construir um ser humano, um nós, é trabalho que não dá férias nem concede descanso: Haverá paredes frágeis, cálculos malfeitos, rachaduras. Quem sabe um pedaço que vai desabar. Mas se abrirão também janelas para a paisagem e varandas para o sol..." (Lya Luft, p.22 em Perdas e Ganhos)
Conversando com uma amiga a respeito desse espaço, recanto... páginas que envolvem pesquisas, pensamentos, indagações que acomodam e desacomodam.
Ela falou-me:
-Ficou muito bom! Quem vê as fotos vai pensar que lá (onde trabalhamos, aprendemos e vivemos) é um paraíso!
Você faz parecer que tudo é muito bom...
Fiquei muito inquieta... e conclui o que já havia pensado. Vou postar algo para registrar, que apesar das incertezas, podemos construir paraísos.
Escrever sobre as ansiedades que nos rodeiam enquanto somos professores, tanto o quanto somos humanos...
E é quase todo dia, que aparece esse sentimento... e com quem dividirmos nossas angústias?... Não sei você, mas eu, tenho um companheiro, meus famíliares que assim como eu...vivem essa aventura.
Encontrei em um artigo de Tânia Ramos Fortunato (Professora da Faculdade de Educação da UFRGS), uma reflexão para falar de tudo isso:
"Reconhecer a dimensão humana da docência, incluindo as dificuldades do cotidiano escolar, é admitir a presença e a força dos afetos na determinação da identidade do professor e na sua atuação profissional."
Sim, ela me confirma e traduz que são os vínculos afetivos que possibilitam a relação entre os sujeitos que ensinam e aprendem... Convertendo o desejo de ensinar e o desejo de aprender em conhecimento.
Ainda cita outros autores para falar sobre a multiplicidade de ser professor e dos professores, de suas influências sobre os alunos." Do educador também se espera o domínio de seus afetos, na forma de consciência de sentimentos, tais como simpatia ou antipatia, identificação ou contra identificação, admiração ou desprezo, e sua canalização positiva, a serviço de bem ensinar. Ele aprende, como crê Kupfer(1990), que pode organizar seu saber, mas que não conhece muitas das repercussões inconscientes dos seus ensinamentos e da sua presença nesses alunos."
Posso como alfabetizadora falar das inúmeras angústias...
...de não conseguir o que tenho como objetivo, fazer com que todas as crianças, LEIAM E ESCREVAM, no ano em que estamos juntos.
...de saber que cada uma traz também suas angústias, medos e incertezas... mas aprendemos juntos muito sobre a vida.
...que mesmo com nossas limitações...resolvemos nos dar as mãos e caminhar.
...ter que intervir em processos e pessoas em construção, somos seres inacabados...é muita responsabilidade.
Será que estou certa? Será que estou errada?... não sei... sei que estou querendo aprender...apesar das minhas angústias...
Nenhum comentário:
Postar um comentário