TECNOLOGIA
A Educação para a troca
Pelo menos uma vez na vida, você deve ter ouvido a frase "Tente se colocar na situação dele". Pois é, esse exercício agora é feito na escola e ganhou nome: webquest
Foto: Getyy Images
Internet ajuda alunos a se colocarem um no lugar do outro
Texto
Vinícius De La Rocha
Vinícius De La Rocha
Quando nos colocamos no lugar de alguém para tentar entender seu ponto de vista, fica mais fácil compreender e aceitar as diferenças culturais, sociais, raciais, intelectuais ou afetivas que sempre fizeram parte do convívio humano. E a educação pode ser uma ferramenta fundamental nessa troca de papéis.
"Educar" para essa troca é um verdadeiro exercício que pode mesmo levar a vida inteira. Mas é muito melhor quando começa cedo. Na escola, a surpresa é que esse exercício tem até nome: webquest. E, como o termo indica, usa-se a internet como meio. Essa metodologia de ensino, que surgiu há cerca de uma década nos Estados Unidos e rapidamente se espalhou pelas escolas do Canadá, da Austrália, de Portugal e da Holanda, entre outros países, ainda engatinha no Brasil.
Criado em 1995 pelo norte-americano Bernie Dodge, da Universidade de San Diego, na Califórnia, o método nada mais é do que uma atividade investigativa em que alguma ou toda informação com que os alunos interagem provém da internet. Os estudantes acessam a rede em busca de temas previamente definidos e com funções bem específicas. Para você entender, funciona da seguinte maneira: o orientador propõe um tema - e pode ser qualquer assunto mesmo, desde uma viagem de férias até como se alimentar de forma mais saudável. O trabalho envolve consultar fontes de informações também previamente definidas, como livros, vídeos, sites e páginas da web - daí a origem do termo webquest. Após a pesquisa, o grupo se reúne e fala sobre as experiências de cada um. Com base nessas informações, é construído, por exemplo, um novo site, uma peça de teatro ou um CD, em que as turmas colocam todo o conhecimento adquirido com a atividade.
Onde entra o colocar-se no lugar do outro? É que, em cada uma das etapas desse método, os estudantes são convidados a assumir a identidade das pessoas envolvidas na questão. Eles podem se colocar, por exemplo, na posição de ecologistas, economistas, serventes, reis, faraós e o que mais a imaginação do orientador e dos grupos permitir. Se o tema é a exploração turística de uma cidade, um pode pesquisar a arquitetura e ser o arquiteto, o outro pesquisar os potenciais pontos turísticos e ser o guia, e um terceiro, os hábitos regionais e marcar presença como um habitante da região com suas dificuldades. O salto desse aprendizado é justamente o momento em que o exercício dá a palavra a todos, com igual importância. Como cada um pesquisou um lado da história, vai poder entender como pensa uma pessoa naquela condição. Além disso, terá a oportunidade de expor seu raciocínio, ouvir outras opiniões e ampliar seu ponto de vista. Se tudo der certo, diminuir a tendência ao prejulgamento.
"O que está envolvido nesse processo é a construção de uma identidade, o desenvolvimento do senso de valor e, sobretudo, uma constante tomada de consciência. Aprende-se que cada indivíduo vê a vida de acordo com sua realidade, cada visão é única. E legítima", destaca Léa da Cruz Fagundes, coordenadora do Laboratório de Estudos Cognitivos da UFRGS.
Em prática
No Brasil, o disseminador do método foi Jarbas Novelino Barato, professor de tecnologia educacional da Universidade São Judas Tadeu, de São Paulo. "Traduzi o artigo do Dodge em 1996 e o espalhei pela rede do Senac-SP (local em que Barato trabalhava na época) dizendo que havia uma novidade em termos de uso da internet na educação. Foi assim que a webquest entrou no Brasil (nas escolas públicas e privadas, de norte a sul do país)", conta o professor, que em 2000 organizou um workshop com o criador do método. Nesse mesmo ano, o Colégio Dante Alighieri, de São Paulo, deu início ao uso da webquest em suas salas de aula. Segundo Valdenice Minatel, coordenadora de tecnologia educacional da instituição, a metodologia é utilizada nos ensinos fundamental e médio do colégio. "A webquest tem a flexibilidade de poder adequar a linguagem de acordo com a idade dos alunos", diz. Para os menores, os temas são mais lúdicos, o que faz com que eles se envolvam facilmente. E o melhor: aprendem desde cedo que o exercício do direito serve para todos.
"Educar" para essa troca é um verdadeiro exercício que pode mesmo levar a vida inteira. Mas é muito melhor quando começa cedo. Na escola, a surpresa é que esse exercício tem até nome: webquest. E, como o termo indica, usa-se a internet como meio. Essa metodologia de ensino, que surgiu há cerca de uma década nos Estados Unidos e rapidamente se espalhou pelas escolas do Canadá, da Austrália, de Portugal e da Holanda, entre outros países, ainda engatinha no Brasil.
Criado em 1995 pelo norte-americano Bernie Dodge, da Universidade de San Diego, na Califórnia, o método nada mais é do que uma atividade investigativa em que alguma ou toda informação com que os alunos interagem provém da internet. Os estudantes acessam a rede em busca de temas previamente definidos e com funções bem específicas. Para você entender, funciona da seguinte maneira: o orientador propõe um tema - e pode ser qualquer assunto mesmo, desde uma viagem de férias até como se alimentar de forma mais saudável. O trabalho envolve consultar fontes de informações também previamente definidas, como livros, vídeos, sites e páginas da web - daí a origem do termo webquest. Após a pesquisa, o grupo se reúne e fala sobre as experiências de cada um. Com base nessas informações, é construído, por exemplo, um novo site, uma peça de teatro ou um CD, em que as turmas colocam todo o conhecimento adquirido com a atividade.
Onde entra o colocar-se no lugar do outro? É que, em cada uma das etapas desse método, os estudantes são convidados a assumir a identidade das pessoas envolvidas na questão. Eles podem se colocar, por exemplo, na posição de ecologistas, economistas, serventes, reis, faraós e o que mais a imaginação do orientador e dos grupos permitir. Se o tema é a exploração turística de uma cidade, um pode pesquisar a arquitetura e ser o arquiteto, o outro pesquisar os potenciais pontos turísticos e ser o guia, e um terceiro, os hábitos regionais e marcar presença como um habitante da região com suas dificuldades. O salto desse aprendizado é justamente o momento em que o exercício dá a palavra a todos, com igual importância. Como cada um pesquisou um lado da história, vai poder entender como pensa uma pessoa naquela condição. Além disso, terá a oportunidade de expor seu raciocínio, ouvir outras opiniões e ampliar seu ponto de vista. Se tudo der certo, diminuir a tendência ao prejulgamento.
"O que está envolvido nesse processo é a construção de uma identidade, o desenvolvimento do senso de valor e, sobretudo, uma constante tomada de consciência. Aprende-se que cada indivíduo vê a vida de acordo com sua realidade, cada visão é única. E legítima", destaca Léa da Cruz Fagundes, coordenadora do Laboratório de Estudos Cognitivos da UFRGS.
Em prática
No Brasil, o disseminador do método foi Jarbas Novelino Barato, professor de tecnologia educacional da Universidade São Judas Tadeu, de São Paulo. "Traduzi o artigo do Dodge em 1996 e o espalhei pela rede do Senac-SP (local em que Barato trabalhava na época) dizendo que havia uma novidade em termos de uso da internet na educação. Foi assim que a webquest entrou no Brasil (nas escolas públicas e privadas, de norte a sul do país)", conta o professor, que em 2000 organizou um workshop com o criador do método. Nesse mesmo ano, o Colégio Dante Alighieri, de São Paulo, deu início ao uso da webquest em suas salas de aula. Segundo Valdenice Minatel, coordenadora de tecnologia educacional da instituição, a metodologia é utilizada nos ensinos fundamental e médio do colégio. "A webquest tem a flexibilidade de poder adequar a linguagem de acordo com a idade dos alunos", diz. Para os menores, os temas são mais lúdicos, o que faz com que eles se envolvam facilmente. E o melhor: aprendem desde cedo que o exercício do direito serve para todos.
"Começar não é apenas um tipo de ação.
É também um estado de espírito, um tipo de trabalho, uma atitude, uma consciência" Edward Said
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