quinta-feira, 18 de junho de 2009

Quando o comprar substitui o brincar



Marina Silva
De Brasília (DF)
semana passada vi um documentário excelente, dirigido pela cineasta Estela Renner, intitulado "Criança, a alma do negócio" (disponível gratuitamente emwww.alana.org.br). É sobre como a publicidade dirige-se propositalmente às crianças, fazendo delas consumidores precoces orientados pela propaganda, principalmente a televisiva.

Segundo o IBGE, as crianças brasileiras são as que mais passam tempo em frente à TV, cerca de cinco horas diárias. Vejam o que diz no filme a pedagoga Ana Lúcia Villela, presidente do Instituto Alana: "Do carro à geladeira, não importa. O foco é a criança. Por que eles estão falando com a criança? Por que eles colocam bichinho no meio da propaganda?. Por que eles falam uma linguagem infantil? Porque hoje se sabe que 80% das decisões de compra numa casa vêm das crianças".

O triste é que as crianças estão substituindo o brincar pelo consumir. Com graves consequências para elas e para o meio ambiente. Paradoxalmente, são as crianças, adolescentes e jovens os que mais têm se mostrado sensíveis à preocupação com a proteção da natureza. Mas, hiperestimulados ao consumo, desde a mais tenra idade, não conseguem fazer ligação entre seus sinceros ideais de preservação dos recursos naturais - sem os quais serão prejudicados no futuro -, e o desenfreado consumo que ironicamente vai, aos poucos, os transformando em exterminadores de si mesmos. E esse talvez seja um "exterminador do futuro" mais preocupante do que o da ficção cinematográfica.

Vivemos um momento de graves perturbações para a capacidade humana de não dissociar completamente o agir do pensar e o querer do poder. É como se tivéssemos correndo o risco de perder o elo com os meios que nos possibilitam agir e tomar decisões a partir de uma base integradora de pensamento que nos assegure alguma coerência entre pensamento e ação. Sem o quê, aos poucos, vamos ficando cada vez mais impedidos de perceber que o atual modelo de produção e geração de riquezas - que tem exaurido o planeta, destruindo os ecossistemas fundamentais para a vida na Terra - não é de responsabilidade somente de grandes empresas e de governos. Para que a máquina funcione, para o bem ou para o mal, é preciso que toda a sociedade participe dela.

Nossos recursos naturais são finitos e é imperativo aprendermos a satisfazer nossas necessidades usando cada vez menos. Isso, porém, se tornará quase impossível se continuarmos aprisionando nossas crianças e jovens ao consumo desenfreado e irracional, inconscientes dos resultados nefastos já conhecidos por todos: contaminação da água, devastação das florestas, matança de animais, destruição do solo e mudanças climáticas, com secas, desertificação e tantos outros danos.

Nosso consumismo produz mais lixo, incluído o emocional, do que produtos e riquezas. E isso começa cedo, na cabeça das crianças, indefesas, reféns da "cultura do shopping" e desprovidas dos mínimos recursos para se proteger da sanha desenfreada da indústria propagandística, que as faz substituir o brincar pelo comprar. E, progressivamente, também se vêem substraídas da capacidade de se constituirem como seres que asseguram seu lugar no mundo por meio não da autosuficiência - que prescinde do relacional para existir, bastando tão somente ter os meios materiais para adquirí-la -, mas da coosuficiência. Pois, como tão bem disse o pediatra e psicanalista inglês D. W. Winnicott, "A independência nunca é absoluta. O indivíduo normal não se torna isolado, mas se torna relacionado ao ambiente de um modo que se pode dizer serem o indivíduo e o ambiente interdependentes."

Será que vale a pena, em troca simplesmente da voracidade do consumo, separar a criança de si mesma - inibindo o brincar descomprometido e revelador do mundo - , adoecê-la mentalmente por meio do dirigismo publicitário e aliená-la de sua relação com o mundo natural que é sua primeira casa? É algo para se pensar, no momento de deixar nossas crianças aos cuidados das mensagens televisivas, sem ajudá-las a desenvolver um olhar arguto e crítico. E também no momento de levá-las às compras para não ter o trabalho de induzí-las ao inventar, ao brincar, ao viver.

Marina Silva é professora secundária de História, senadora pelo PT do Acre e ex-ministra do Meio Ambiente.

Fale com Marina Silva: marina.silva08@terra.com.br

Opiniões expressas aqui são de exclusiva responsabilidade do autor e não necessariamente estão de acordo com os parâmetros editoriais de Terra Magazine.

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