José Padilha diz que envia dinheiro às famílias protagonistas do documentário por meio de uma ONG
Diretor do sucesso Tropa de Elite, José Padilha diz a ÉPOCA como foi rodar Garapa, um documentário sobre a vida de três famílias que sofrem com a fome no Ceará, com estreia nesta semana nos cinemas. "Aquelas pessoas não têm projeto. A fome tira o horizonte do ser humano e afeta seu modo de pensar", afirma Padilha. Segundo ele, o objetivo de vida de uma das mães retratadas no longa era conseguir um pão no dia seguinte.
ÉPOCA - Você acredita que a "politização" da fome, incluindo o Bolsa-Família, seja um caminho para a resolução do problema?
José Padilha - Acho que sim e tenho calafrios quando as pessoas vêm com a visão simplista de que o Bolsa-Família é transferência de renda e, por isso, está fadado ao fracasso. Ora, no Brasil sempre houve transferência de renda do pobre para o rico, por meio do sistema financeiro, que pratica juros exorbitantes. Então, dizer que o benefício só prolonga o sofrimento do necessitado é adotar o pensamento de Schopenhauer, com o qual ele justificava por que não dava esmola. Acho que esses 11 milhões de brasileiros precisam de mais atenção, com políticas públicas mais adequadas. Há dinheiro – cortar os gastos do Congresso pode ajudar a somar mais recursos, por exemplo.
ÉPOCA - O que falta no mundo e no Brasil seria, então, vontade política para erradicar a fome?
Padilha - Sim. O mundo investe mais em armamentos do que em programas para combater a fome. Lula, Obama, Sarkozy sabem das estatísticas e deste problema vergonhoso. Eu quis fazer um filme sobre famílias brasileiras que representam a fome global. Segundo dados da ONU, 1 em cada 6,5 habitantes do mundo é subnutrido. Há dinheiro para isso. Não filmei algo escondido no canto de uma sala que alguém, de repente, acha. O que acho é que as pessoas não conhecem isso a fundo.
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"ÉPOCA - O que o governo brasileiro achou do seu filme?
Padilha - Acho que o governo ainda não viu meu filme. Mas espero que tenha visto. Toda vez que alguém sugere sofisticar o Bolsa-Família e transformá-lo num programa melhor – valor da ajuda de acordo com a necessidade, condicionar ajuda à educação, etc –, vem outro para condenar o programa. O problema é que estamos pedindo isso ao governo – será que ele está capacitado?
Qual o projeto de educação do Brasil? "
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Leia a entrevista completa...http://revistaepoca.globo.com/Revista/Epoca/0,,EMI74362-15220,00-AS+PESSOAS+NAO+CONHECEM+A+FOME+A+FUNDO.
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