sábado, 23 de maio de 2009

O SUJEITO DO CONHECIMENTO

Quem será este sujeito... 
Sujeito ao tempo e espaço... 
entre outros sujeitos 
que se sujeitam, se rejeitam... 
se encontram ... Não se sabe onde...
e para onde iremos..

O Sujeito do Conhecimento

Autor: Guilherme Santinho Jacobik[1]

Que
 grande dilema vive a escola contemporânea, campo de nossa atuação como educadores, imersa na chamada “sociedade da informação” e perdida nas inúmeras rotulações que lhe são impostas: tradicionalista, atrasada, arcaica, chata etc.

Um grande número de “especialistas” e articulistas de jornais, revistas, rádios e canais de televisão, enfim, da mídia, apontam seus dedos críticos à instituição Escola e, por conseguinte, ao seu maior representante, o professor. Acusam tanto os que atuam quanto os em formação inicial pelo estado precário em que se encontra o ensino no país. De tempos em tempos listas e dados estatísticos, ora do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) ora da UNESCO (Órgão da Organização das Nações Unidas ligado às questões educacionais), entre outros, alimentam as críticas e, sem analisar a macro-conjuntura política, econômica e social, encontram facilmente o “bode expiatório” ideal: o professor. E surgem expressões que, de tão repetidas, já ecoam entre nossos próprios pares, entre os próprios educadores: “Os professores pararam no tempo”; “Os professores não querem inovar”; “Sua formação é péssima”; “O professor perdeu sua vocação”, entre tantas outras. 

Este é um registro sintomático, não da condição da Escola e de seus Educadores, mas de uma histórica falta de reflexão conjuntural daqueles que analisam o ensino formalizado. 

É fato que em termos quantitativos de informação e tecnologia, muito se mudou socialmente. A quantidade de meios de exposição à informação é imensa: internet, T.V., rádio, periódicos, livros etc. Mas será que todo esse contato permitiu a formação de sujeitos com opiniões críticas sustentadas? Terão estes estímulos tornado-se conhecimento a serviço da melhoria social, seja ela individual ou coletiva? Obviamente que não, é o que a realidade nos mostra e a culpa não é somente da Escola 

Hoje é lugar comum apontar a defasagem tecnológica de nossas escolas como ponto forte do fracasso da formação do aluno. Pergunto: abastecer a escola (essa mesma criticada) de computadores resolverá essa defasagem? A mudança necessária às escolas, para que estas formem alunos capacitados à vida social, passa apenas pela substituição material? 

Não pretendo neste artigo defender ou refutar as inovações materiais na escola, mas sim, levantar mais questões do que as pretensiosas certezas daqueles que criticam o professor, entre elas, duas iniciais: A formação do aluno, tão duramente questionada, deve servir a quê e a quem? Em que outro espaço social há a possibilidade de reflexão sobre o papel dos sujeitos na sociedade, do que a escola? 

Apesar de comumente a escola ser analisada, de forma unilateral por aqueles que se encontram fora dela, como um espaço estéril à mudança, é ela mesma que tem enfrentado o desafio de reconhecer seus limites e é dela que ecoam movimentos de mudanças que superam os anseios do mercado, porque a escola não surgiu como instituição social para satisfazer apenas “mão de obra” e sim para acolher sujeitos no seu pleno significado. 

Em primeiro lugar, é bom lembrar o que parece obviedade: é a escola, qualquer escola, que sistematiza e instrumentaliza o sujeito para ler as diversas facetas do mundo real sob a ótica da ciência, o que não significa um olhar melhor, mas é um dado irrefutável, o de que é o primeiro, e para muitos o único, espaço social que aproxima o sujeito da ciência. Como bem descreveu Arnay (2002, p.38):

    O fato de o sistema cognitivo humano atuar naturalmente para interpretar o mesomundo (Delbrück, 1989) e elaborar teorias populares sobre essa dimensão faz com que uma das características das aprendizagens escolares seja situar os alunos, desde o início da sua escolarização, diante de tarefas e problemas que não podem ser resolvidos com modelos elaborados mediante a percepção imediata ou os conceitos naturais aprendidos de maneira informal na interação social. A aprendizagem formal, entre outras coisas, tenta transformar a maneira como habitualmente se situa a análise das dimensões intermediárias da realidade e situar quem aprende diante dos processos de indagação sobre dimensões às quais não se pode ter acesso sem instrumentos técnicos adequados.

Com isso não se renega a importância do olhar não científico sobre as interações com o mundo, nem se privilegia a ciência como única verdade, como mito acabado, e sim como fruto de suas conexões históricas e sociais (Cortella, 2000, p.101). 

Algumas das críticas à escola são, infelizmente, verdadeiras, mas também têm emanado dela a necessidade e a busca por mudanças. Das tantas questões fundamentais que a escola vem refletindo, a distância entre o desejo de alunos e professores em vivenciar saberes necessários à vida e a lenta mudança dos saberes escolares tradicionais são algumas das mais contundentes. 

Morin (2001, p. 35) destaca a dicotomia existente entre os saberes ensinados na escola atual, desunidos, divididos e compartimentados e os problemas que são cada vez mais multidisciplinares, transversais, multidimensionais, transnacionais, globais e planetários. Para encontrar a devida pertinência é, segundo ele, necessário tornar evidente (visível): o contexto; o global; o multidimensional e o complexo.

  • O contexto. Morin afirma a importância de situar as informações e os dados no seu contexto, assim como as palavras dentro do texto. O conhecimento de informações ou dados isolados é insuficiente. 

  • O global (as relações entre o todo e as partes). É preciso ver o todo, o global é mais do que o contexto, é o conjunto da diversidade. Por exemplo, uma sociedade é o todo organizado de que fazemos parte. 

  • O multidimensional. O ser humano é uma unidade complexa e como tal multidimensional. É ao mesmo tempo biológico, psíquico, social, afetivo e racional. A sociedade, por conseguinte, comporta as dimensões históricas, econômicas, sociológicas, religiosas etc. O conhecimento deve levar em conta essa visão conjuntural, evitando isolar uma parte do todo, e as partes umas das outras. 

  • O complexo. O conhecimento pertinente deve aceitar os desafios da complexidade, da inseparabilidade entre os elementos constitutivos do todo, que pode ser econômico, político, psicológico etc e suas partes, as partes e o todo, as partes entre as partes e assim sucessivamente.
Segundo Penséss (Apud Morin, 2001, p.37):

    “sendo todas as coisas causadas e causadoras, ajudadas ou ajudantes, mediatas e imediatas, e sustentando-se todas por um elo natural e insensível que une as mais distantes e as mais diferentes, considero ser impossível conhecer as partes sem conhecer o todo, tampouco conhecer o todo sem conhecer particularmente as partes”.





    Autor: Guilherme Santinho Jacobik
    email: ravenamedel@yahoo.com.br
    Veja mais detalhes sobre o autor nas notas abaixo. 


    Notas: 
    [1] Mestre em Educação – USP- Professor da UNIBAN. 

Nenhum comentário:


FAZENDO COM AMOR!!!!!!

FAZENDO COM AMOR!!!!!!

EDUCAR E BRINCAR...

PROJETO RESGATE DA PSICOMOTRICIDADE ATRAVÉS DOS RECURSOS NATURAIS.

TRAILERS - SLIDES - •Documentários, Entrevistas

EDUCAÇÃO - AMBIENTE - DESENVOLVIMENTO - POLÍTICA - ATITUDE - CULTURA 

NOSSOS MESTRES NA LITERATURA INFANTOJUVENIL

A voz do autor no rádio...

Falar e ouvir... uma questão pessoal...

Um pouco de sua história...

Conversando com autores...

Tatiana Belinky, a escritora que queria ser Emília...

Histórias que nos acompanham...

PAI DA TURMA DA MÔNICA...

Uma contadora especial...

Histórias para ouvir e contar... O clássico mundial A Árvore Generosa.

A ARTE DE CONTAR HITÓRIAS...

A História Mais Longa do Mundo (adaptação)

História Marcelino Pedregulho (adaptação)

Divirtam-se... CRIANÇAS.

Projeto UCA


CAMINHO JOVEM... ESPERANÇA!!!!

Música com o corpo "Barbatuques"

"TEMPO...TEMPO...TEMPO... VOU TE FAZER UM PEDIDO"

O Ponto de Mutação de Fritjof Capra

A TEIA DA VIDA...

Educação Ecológica... Entevista com Capra.

Humberto Maturana e Ximena - Encontro... Reflexão... 1 de 8 vídeos

REPORTAGEM: Brincadeiras

Professora Vania Cavalari Psicomotricidade. ...

entre no site e assista a entrevista http://www.sabertv.net/portal/mediacenter/view/276/psicomotricidade/

POESIA DE AMOR...

texto "O direito de ser criança" de Ruth Rocha e som "Dias Melhores" de Jota Quest.

EDUCAR...

Limites...

<a href="http://video.msn.com/?mkt=pt-BR&amp;from=sp&amp;vid=0f517149-43f6-4d81-b88c-e520ef3b4d42" target="_new" title="Como lidar com o filhos dos outros">Video: Como lidar com o filhos dos outros</a>

Brincar é aprender...

Aprendendo sempre... PSICOMOTRICIDADE

http://www.animacorpus.net/psicomotricidade/

APRENDER E EDUCAR.

EDUCAR E BRINCAR... CRESCER...

Aprender...Educação Infantil.

Educar e aprender...

Infância- Tempo de construir valores...

Educar... filho faz por imitação...

Educar e aprender... Transformação...

Video = Ciência estuda o que e passa no cérebro dos bebês

Educar... Aprender...

EDUCAR E BRINCAR. APRENDER COM A NEUROCIÊNCIAS...

PROJETO RESGATE DA PSICOMOTRICIDADE ATRAVÉS DOS RECURSOS NATURAIS.

A EMOÇÃO ESTAR NO AR....

MEU AMIGO BICHO!!!!!